11/11/2012 - Folha de S.Paulo
Sócia de Eike Batista na mineradora MMX, a siderúrgica estatal chinesa Wuhan Iron and Steel Corporation (Wisco) arquivou sua participação no complexo siderúrgico de porto do Açu, alegando que o lado brasileiro não construiu a infraestrutura necessária para o projeto.
"Ferrovias, terminais portuários --eles não construíram nada. O mercado também não está lá, portanto, nós paramos as conversas neste momento e não estamos pensando nisso", disse neste domingo o presidente da Wuhan, Deng Qilin, à agência de notícias Reuters.
Em 2010, a Wisco, quarta maior produtora de aço da China, começou a negociar o complexo siderúrgico com a LLX, empresa do grupo EBX, de Eike Batista. O projeto foi orçado na época em US$ 5 bilhões.
No final do ano anterior, a estatal chinesa havia comprado 21,52% da mineradora MMX por US$ 400 milhões.
O setor siderúrgico chinês enfrenta um ano turbulento devido à desaceleração da economia no mundo e na China, provocando um excesso de produção, dívidas crescentes e preços em queda.
"Este é o ano mais difícil para o setor de aço chinês porque toda a economia mundial enfraqueceu, e o crescimento chinês desacelerou e atravessa uma reestruturação", disse Deng. Ele afirmou que a empresa não planeja construir nenhuma siderúrgica no exterior, mas continua interessada na compra de minas de minério de ferro e de carvão fora da China para abastecer suas siderúrgicas.
"Dane-se a siderúrgica"
A assessoria da LLX, braço de logística do grupo EBX, de Eike Batista, e responsável pela construção do porto do Açu, informou que a empresa não se pronunciaria sobre as declarações do presidente da Wuhan, Deng Qilin.
Mas em entrevista exclusiva à Folha, em 19 de outubro, o empresário disse que o perfil do porto tinha mudado e que o empreendimento estava se transformando em um polo para a indústria offshore.
Inicialmente, o porto do Açu teria duas siderúrgicas: a da Wisco e outra da Térnium, uma das âncoras iniciais do projeto. Assim como a chinesa, a da Térnium ainda não saiu do papel. Em vez das siderúrgicas, segundo Eike, empresas ligadas à exploração de petróleo vêm se instalando na região do porto.
Já assinaram contratos para se instalar no porto do Açu as empresas NOV (National Oilwell Varco), Intermoor, Technip e Subsea7, todas do setor petroleiro. Segundo Eike, a Technip está investindo R$ 600 milhões na construção de uma fábrica no Açu; a NOV, mais R$ 400 milhões.
"Dane-se a siderúrgica. Meu shopping mudou. Não existe um complexo nessa escala para servir a indústria do petróleo. Então, caramba, foi desenhado como um porto para minério de ferro e olha o que virou. Tenho agora uma clientela que me paga três vezes mais pelo metro quadrado. Só esse pessoal já paga R$ 100 milhões de aluguel, antes do porto funcionar. Ficou um negócio mais nobre e isso ninguém fala", afirmou o empresário.
Ou seja todo o plano de reabilitação do acesso ferroviário ao porto vai para o ralo pelo ao menos em parte, pois a enorme demanda de transporte necessária para aquela região se reduz miseravelmente.
Se antes poderíamos pensar em 2 talvez até 3 rotas de escoamento para Açu hoje apenas 1 daria conta da vazão.
Como o alargamento da linha do litoral recebendo o minério para exportação, via MRS atende também o COMPERJ e tem um custo menor, esse deve ser o acesso que vai sair do papel.A princípio o governo vai receber de volta da FCA o trecho de Cataguases a Belo Horizonte, com a respectiva multa, que deve ser convertida em "investimentos" da FCA na malha, e o governo federal vai bancar a remodelagem da linha para relicitar o trecho, parte do projeto da EF354.
Ou seja o contribuinte paga para que o porto do Eike seja viável e a Vale não tome prejuízo. Mesmo que a multa seja paga o dinheiro da multa vai sumir nos ralos do governo mais rápido que a linha que a FCA abandonou...
http://www.amantesdaferrovia.com.br/profiles/blog/show?id=4981239%3ABlogPost%3A535277
A FCA poderá talvez, até converter em despesas com manutenção nas linhas que continuarão sob sua administração, como a de Cataguases (rota da bauxita), ou mesmo no alargamento da linha do litoral (Campos-Rio).
A obra da EBX passou do ponto sem retorno, agora mesmo que o império "X" quebre, o investimento feito é tão alto que alguém vai acabar assumindo o porto.
A Petrobras é candidata natural ao cargo de salvadora da pátria, já que pode usar este porto ao invés das bases planejadas em Jaconé (Saquarema-RJ) e em Ubú (Anchieta-ES), Ubú que aliás por coincidência receberia um ramal no projeto da variante litorânea sul da FCA.
A CSN e a Vale estavam a pouco tempo querendo construir um terminal conjunto em Itaguaí, num terreno que havia sido comprado pela Petrobras para a construção do COMPERJ.
Ou seja o plano B está pronto, se o Eike quebrar a Petrobras assume a bomba, cancela os outros 2 portos, e depois entrega a capacidade não utilizada do porto a Gerdau, CSN e a Vale.
O projeto de Açu de certa forma está ligado o aumento da capacidade do porto de Sepetiba e do Rio, tanto para o escoamento de minério de ferro de Minas Gerais quanto para os produtos do COMPERJ em Itaboraí, o pavoroso é saber que caso a modelagem do empreendimento continue a dar errado, a exportação de coque e de produtos petroquímicos do COMPERJ pode acontecer via rodovia!! Pela atual obra do arco rodoviário do Rio...
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