terça-feira, 1 de março de 2011

Contagem regressiva,

Contagem... 3, 2 , 1 e nada! è isso que vai acontecer em 2014 na "inauguração do trem bala". esta semana o gover cortou bilhões do orçamento dederal, inclusive suspendendo o programa FX da força aérea um dos pilares da estatégia nacional de defesa (END), e ao mesmo tempo arrota por aí a contrução do tal TAV, inclusive colocando estatais não ferroviárias dentro dessa canoa furada.

Para quem ainda acredita no trem bala, que seja apenas por falta de conhecimento de engenharia, segue um pequeno texto de Jorge Luiz Calife, com mínimas explicaçãoes sobre a obra que não vai sair.

Afinal, o que é esse tal de trem bala?

Existem boatos que se espalham tanto, que acabam parecendo verdade. Em
Pinheiral, as obras de duplicação da linha férrea fizeram o povo acreditar
que está assistindo a construção da linha do "trem bala". E já tem gente
sonhando com a passagem do trem de alta velocidade pela cidade.
Pura ilusão! A duplicação da linha férrea é para o transporte de minério.
Com seu traçado, cheio de curvas, a antiga linha da Estrada de Ferro Central
do Brasil, atualmente administrada pela MRS Logística, não serviria para uma
composição de alta velocidade que exige um traçado retilíneo, com curvas de
mais de cinco quilômetros de raio.

Se o Trem de Alta Velocidade (TAV) chegar a nossa região, será numa linha de
traçado totalmente novo, que na França custou 15 milhões de dólares por
quilômetro para ser implantada.

Fala-se de uma parada em Barra Mansa ou Volta Redonda, mas jamais se cogitou
de uma parada em Pinheiral. E se não vai parar em Pinheiral o trem de alta
velocidade deve evitar a área urbana devido aos problemas de poluição sonora

Deslocando-se a uma velocidade entre 250 e 300 quilômetros horários uma
composição do TAV desloca o ar ao seu redor provocando um ruído semelhante
ao da passagem de um avião. Daí que se evita, sempre que possível, a
passagem por dentro de áreas densamente povoadas.

A coisa mais próxima de um trem de alta velocidade que já existiu em nossa
região foi o "trem húngaro" na década de 1970. Sua velocidade chegava a 90
quilômetros horários nos trechos de reta, na baixada fluminense e em São
Paulo. Mas devido às curvas acentuadas na Serra do Mar, e em nossa região, o
húngaro jamais pode desenvolver sua velocidade máxima de 120 quilômetros
horários. Acabou sendo desativado, depois de menos de uma década de uso
devido à dificuldade para se conseguir peças de reposição no leste europeu.
Quando começou a ser construída, em 1858, a Estrada de Ferro Central do
Brasil representou uma grande conquista tecnológica para o nosso país. O
grande desafio, ontem, como hoje, era vencer o desnível de 500 metros entre
a Baixada Fluminense e o alto da Serra do Mar.

A ferrovia só chegou lá em cima, na estação de Engenheiro Paulo de Frontin,
em 1863 e no ano seguinte na nossa região. A travessia da serra exigiu a
construção de túneis, como o "12" em Mendes, que eram o terror dos
maquinistas até a introdução das locomotivas diesel-elétricas em 1950. Se
uma locomotiva a vapor enguiçasse dentro do túnel 12, o maquinista corria o
risco real de morrer asfixiado.

Com a construção da CSN, durante a Segunda Guerra Mundial, os trilhos da
Central do Brasil passaram a ser usados principalmente para o transporte de
minério. Em 1969, a Central foi absorvida pela Rede Ferroviária Federal e
hoje é MRS Logística. A duplicação dos trilhos em Pinheiral repõe apenas uma
coisa que já existia.

Nas décadas de 1950 e 1960, a linha era dupla em Pinheiral, por isso a
estação da cidade tem duas plataformas. Mas achar que uma obra de engenharia
do século dezenove possa ser adaptada para um TAV do século 21, é pura
ingenuidade. Outro dia, viajando de ônibus para Volta Redonda ouvi dois
passageiros conversando sobre a chegada do "trem bala", em Pinheiral. Um
senhor explicava que o trem seria movido por campos magnéticos, sem tocar a
linha.

Nada disso, o trem de levitação magnética é o Maglev que só existe no Japão
e na Alemanha. No trecho Rio-São Paulo fala-se em implantar um trem de alta
velocidade semelhante ao TGV francês, que usa energia elétrica de uma linha
suspensa e move-se sobre rodas e trilhos convencionais.

A alta velocidade, até 300 quilômetros horários é conseguida com trilhos de
solda contínua, que reduz a vibração e um traçado que reduz ao máximo as
subidas e as curvas acentuadas. Como no século dezenove, o grande desafio
para o trem de alta velocidade no Brasil será o obstáculo representado pela
Serra do Mar.

A construção de novos túneis e viadutos deve elevar ainda mais o custo da
obra que, nas regiões planas da Europa, fica em 10 milhões de euros por
quilômetro. Se calcularmos que do Rio a São Paulo são 400 quilômetros em
linha reta, o nosso trem bala vai custar, no mínimo, 4 bilhões de euros. É
pagar pra ver.

Esses são os valores para o TAV, o Maglev custa mais caro ainda e não dá
para imaginá-lo em nossa região nem numa história de ficção científica.