PF investiga crime contra meio ambiente após antiga estação
de trem ser demolida em área de proteção
Prédio construído em 1940 fazia parte da Estrada de Ferro
Maricá e estava dentro do Parque Estadual da Serra da Tiririca
POR PAULO ROBERTO ARAÚJO
21/04/2015 8:00 / ATUALIZADO 21/04/2015
9:05
A área antes ocupada pela estação deCalaboca, no início da estrada de Itaipuaçu, foi cercada, e uma porteira foi
instalada para impedir o acesso - Pedro Teixeira / Agência O Globo
NITERÓI
— Parte da história transformada em pó. A direção do Parque Estadual da Serra
da Tiririca (Pest) registrou queixa na delegacia da Polícia Federal de Niterói
para identificar quem derrubou a antiga estação de Calaboca, em Itaipuaçu, e
que fazia parte da extinta Estrada de Ferro Maricá, desativada em 1964. Assim
que for identificado o responsável, o caso será denunciado ao Ministério
Público, e o infrator estará sujeito ao pagamento de multas aplicadas pelo
Instituto Estadual do Ambiente (Inea): a estação estava numa área que foi anexada
ao parque em 2007.
O
diretor do Pest, Jhonatam Ferrarez, recebeu uma denúncia anônima sobre a
demolição do prédio, construído em 1940. Ele foi ao local, na Estrada de
Itaipuaçu, a pouco mais de 200 metros da RJ-106, e constatou o crime ambiental.
A antiga estação ficava em meio a várias mangueiras. O local foi cercado, e uma
porteira foi instalada há pouco tempo. Todos os vestígios da estação foram
retirados do local.
— A
estação virou pó. Cometeram um crime ambiental, porque a estação estava dentro
do parque, e um atentado contra o patrimônio, devido à importância histórica da
estação. O parque é uma área de proteção integral — explicou Ferrarez.
FERROVIA É DE 1887, Construída em 1940, a estação de Calaboca
fazia parte da extinta Estrada de Ferro Maricá, que ligava Niterói a Cabo Frio.
A
Estrada de Ferro Maricá teve seu primeiro trecho inaugurado em 1887. No seu
auge, ligava Niterói a Cabo Frio, levando passageiros e carga para Maricá,
Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia e Cabo Frio. Com a desativação da via
férrea, os trilhos foram retirados, e alguns trechos, principalmente ao longo
da RJ-106, foram invadidos.
A
demolição do prédio foi o assunto que dominou as últimas reuniões do Conselho
Consultivo do Pest. Na última sessão, foi aprovada uma moção de repúdio. Cópias
do documento serão enviadas para a Polícia Federal e para o Ministério Público,
que já foi informado a respeito do problema.
— Os
conselheiros do parque estão indignados e prometem reagir — garante a
ambientalista Alba Simon.
A
prefeitura de Maricá informou, por meio de nota, que o município está tentando
identificar os responsáveis pela demolição por tratar-se de uma construção
histórica. Uma equipe da Secretaria de Meio Ambiente foi ao local na
quinta-feira para uma visita técnica, com o objetivo de identificar quem
demoliu o imóvel.
— A
estação foi literalmente varrida do mapa. Não sobrou um tijolo sequer, como se
os mentores da destruição quisessem se livrar de qualquer prova material de que
ali existiu uma estação — lamentou o ambientalista Cássio Garcez, do grupo
ambiental Ecoando, que promove caminhadas ecológicas em Niterói e Maricá.
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