Esse breve panorama do setor ferroviário se apresenta como muito bom para os operadores e seus clientes.
Mas
ainda deixa muito a desejar para os que lutam pela volta dos trens de
passageiros (de média e longa distância), implantação de trens
turísticos, recuperação de trechos abandonados (+16 mil km de linhas!) e
os que reclamam justamente da total falta de preservação de centenárias
estações, a maioria abandonada à própria sorte.
Oremos, pois!
28/07/2016 - Valor Econômico
Em 2014, foram 465,21 milhões de toneladas úteis transportadas. No ano passado, o montante chegou a 491,03 milhões de toneladas. Em que pese o biênio de retração econômica, a movimentação de cargas pelas ferrovias deverá registrar crescimento pelo terceiro ano consecutivo em 2016. Um marco que, confirmadas as projeções mais realistas, levará o modal a ultrapassar a barreira histórica das 500 milhões de toneladas transportadas.
"O resultado de 2015 superou as projeções. O agronegócio registrou aumento na produção e na exportação, em volume, sobretudo de milho. A própria Vale, apesar do preço do minério ter caído, compensou com maiores volumes de produção e exportação. Para este ano, prevemos alta de 2,5% no volume transportado", diz o presidente-executivo da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), Luis Henrique Baldez. Responsável por 25% das cargas transportadas no Brasil, o modal é cada vez mais utilizado para o escoamento de minério de ferro, combustíveis, celulose, açúcar e commodities agrícolas.
Levantamento da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) mostra que o total de carga transportada pelas ferrovias cresceu 83,2% entre 1997, início das concessões de 11 das 12 malhas existentes à iniciativa privada, até 2014. O resultado está ligado aos investimentos das concessionárias nesse período que, sem contar a expansão de malha, somam R$ 45,6 bilhões. Em 2015, contando os aportes da Valec, estatal ligada ao Ministério dos Transportes, os investimentos somaram R$ 6,5 bilhões, terceiro ano de alta.
Os investimentos crescentes refletem nos resultados dos fabricantes de vagões e locomotivas. Em 2015, a produção do segmento avançou 10,7%, para R$ 6,2 bilhões em receita, com a entrega de 4.683 vagões e 129 locomotivas - este último um recorde histórico, com alta de 61,2% ante 2014. Para 2016, a perspectiva é entregar 4 mil vagões e 100 locomotivas. "Temos visto o crescimento dos investimentos das concessionárias, seja em melhoria de material rodante ou para atender demandas reprimidas em trechos onde menos atuam. Mas o potencial é maior. Há dois terços da malha que não são utilizadas ou são subutilizadas", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate.
Apesar do avanço nos investimentos e no volume de cargas transportadas, o modal convive com uma série de gargalos. Um deles é a baixa diversificação nos produtos transportados. Apenas o minério de ferro concentra 75% da carga. A malha concedida à iniciativa privada soma 27.782 km, considerada enxuta face às dimensões continentais do país. No mais, estima-se que pouco mais 12 mil km estejam em plena operação. "Apesar das melhorias significativas desde a privatização, há distorções que afetam o desempenho do modal. A subutilização se deve a problemas de interconexão com outros modais e à existência de um modal rodoviário superdimensionado", diz José Tavares de Araújo Jr., sócio da Ecostrat Consultores.
A subutilização e a ociosidade de alguns trechos são falhas, na opinião de Baldez, da Anut, do próprio modelo de concessão adotado na década de 90. "Houve uma falha do poder concedente. Ainda que nem todos os quilômetros estivessem aptos a operar, as concessionárias puderam concentrar os investimentos nos trechos de maior densidade de tráfego e não viabilizaram os trechos ociosos ou sem tráfego. A lógica foi a da lucratividade", diz.
A questão, ao que tudo indica, poderá ser corrigida nos próximos anos. Conforme Abate, ao lançar a nova fase do Programa de Investimentos em Logística (PIL), em junho de 2015, o governo federal sinalizou uma série de investimentos necessários na melhoria das concessões existentes, visando a eliminação de gargalos, a recuperação de trechos com potencial de carga e a recuperação do material rodante, por exemplo. Os investimentos são estimados em R$ 16 bilhões.
"Como entendiam que esses aportes não poderiam ser amortizados em poucos anos, as concessionárias iniciaram individualmente as conversas visando uma "repactuação", com uma prorrogação dos contratos", diz. Os contratos vigentes, válidos por 30 anos, foram assinados entre 1996 e 1999.
At//
Antonio Pastori - Ferroviarista & Pesquisador
"O Homem aprende apenas de duas formas: a primeira é por meio da leitura e a segunda é associando-se com pessoas inteligentes": Will Rogers
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