terça-feira, 1 de abril de 2014

Mão e contra mão

Tem se multiplicado as infinitas notícias de corredores de ônibus país a fora, da mesma forma que se multiplicam os contornos ferroviários de cidades que chegaram a conclusão de qe os trens atrapalham o trãnsito, normalmente os velhos leitos são estupidamente substituídos por avenidas ou corredores de ônibus na primeira notícia até que enfim um prefeito anuncia trem para transporte de passageiros usando a velha malha substituída, atitude racional e incrivelmente rara! Na segunda temos a notícia do que acontece na maioria dos casos...

O prefeito de Rio Preto, Valdomiro Lopes (PSB), anunciou um plano piloto de transporte de passageiros pela linha férrea a partir da experiência com o Trem Caipira, cuja viagem de reinauguração foi realizada na manhã deste domingo, 23. "Vamos transformar o Trem Caipira em Trem da Modernidade, comprovando a viabilidade do veículo leve sobre trilhos para o transporte de passageiros que faz parte de nosso projeto de mobilidade urbana", informou o prefeito, em entrevista concedida ao Diarioweb na estação de Schmitt, após a chegada do Trem Caipira.

Conforme o prefeito, a retirada do tráfego de trens pesados no perímetro urbano de Rio Preto viabilizará ainda mais o uso de veículo leve sobre trilhos para o transporte de passageiros. "Essa é uma questão definitiva. O tráfego pesado será desviado do centro da cidade. Quando a ferrovia Norte Sul ficar pronta, o número de composições que passam pela região subirá de 17 para 60 por dia. Os trilhos atuais não aguentam trens tão pesados, exigindo que o governo federal duplique a linha férrea em seu novo trajeto", comentou.

Por ser uma obra do governo federal, Valdomiro não falou sobre prazos ou datas, mas garantiu que já esteve em contato com o Ministério dos Transportes, a ANTT e o Dnit para discutir a retirada do tráfego de trens pesados do perímetro urbano de Rio Preto. "Vamos usar o Trem Caipira agora para ganhar know how para o veículo leve sobre trilhos de nosso projeto de mobilidade urbana."

Reinauguração

Os passeios do Trem Caipira serão realizados mensalmente, sempre no primeiro domingo de cada mês, com saída às 10 horas da estação de Rio Preto, rumo ao distrito de Engenheiro Schmitt, de onde o trem retornará às 13 horas. Segundo o secretário de Desenvolvimento, Gerson Furquim, encarregado pela retomada do projeto, será feita cobrança de ingresso, mas o valor ainda não foi definido.

A viagem de reinauguração do Trem Caipira durou meia hora, com saída de Rio Preto às 9h58 e chegada em Schmitt às 10h22. A viagem foi feita pelo prefeito, vereadores e autoridades. Na estação de Schmitt, muitas pessoas aguardavam pela chegada do trem, que foi recepcionado com coquetel, música caipira e feira de artesanato. Vestidos com roupas de época, um trio de atores estava caracterizado de maquinista e passageiros do trem.

"O trem sempre fez parte da minha vida. Foram muitas viagens entre São Paulo e Rio Preto. Hoje (domingo) essas lembranças voltaram à minha mente vendo esse trem chegar na estação", comentou o aposentado Sebastião Caldeira, de 68 anos, morador da Vila Ercília, que foi até Schmitt para ver a chegada do Trem Caipira.

Para a primeira viagem do Trem Caipira com o público, o secretário de Desenvolvimento ainda tem de concluir as obras de reforma das estações de Rio Preto e Schmitt. Além disso, uma programação cultural será definida para cada domingo do mês.

Questionado sobre a ameaça de ação civil pública por parte do Ministério Público Federal para exigir a devolução dos recursos repassados pelo Ministério do Turismo para a compra do equipamento (R$ 1,1 milhão), Furquim disse que esse risco está descartado com a reinauguração do Trem Caipira.

Fonte: Diário da Região

Publicada em:: 23/03/2014




'Em Bogotá, sistema de ônibus entrou em colapso'


A capital da Colômbia, Bogotá, é conhecida por seu moderno sistema de corredores de ônibus, o TransMilenio, inspirado no BRT de Curitiba. O sistema começou a ser construído em 1998 e foi inaugurado em 2000, durante a administração do prefeito Enrique Peñalosa. Mas, 14 anos depois, enfrenta graves problemas de superlotação. "O TransMilenio começou a entrar em colapso", disse ao Estado Maria Fernanda Rojas, que dirigiu o Instituto de Desenvolvimento Urbano de Bogotá até setembro e esteve em São Paulo para participar do evento "A Cidade e o Jovem - contribuições da arquitetura e do urbanismo para as novas gerações".

Na entrevista, concedida na quinta-feira, um dia depois da destituição do prefeito da capital colombiana Gustavo Petro, causada por uma grave crise institucional surgida em decorrência de mudanças no modelo de coleta do lixo, ela fala sobre os principais problemas enfrentados pela rede de transportes de Bogotá, suas possíveis soluções e revela semelhanças com São Paulo. "Além da superlotação, temos muitos casos de agressões sexuais."

Quatorze anos depois da abertura do TransMilenio, como está a mobilidade urbana em Bogotá?

Hoje deveria haver 388 quilômetros de linhas, mas temos apenas 110. Então o sistema começou a entrar em colapso. E, durante todo esse tempo foi eliminada a opção do metrô, por razões políticas. Entendeu-se que, como Bogotá tinha o TransMilenio, que era tão bem-sucedido, o metrô não era necessário. Também temos uma rede de ciclovias de 376 quilômetros, mas não houve um trabalho de manutenção. Elas estão deterioradas.

O que deve ser feito para melhorar a mobilidade na cidade?

Um modelo que se conhece como a intermodalidade, que é integrar os diferentes meios de transporte. Fazer com que uma pessoa possa chegar de casa à estação de metrô de bicicleta, deixá-la em um parque, pegar o TransMilenio, dirigir-se a outro lugar e tomar um outro ônibus. Para isso, é importante ampliar as estações, colocar mais acessos, fazer novas linhas e construir o metrô e teleféricos nos bairros populares. Esse meio de transporte, o teleférico, mudaria completamente a vida das zonas periféricas.

Por que o TransMilenio não supre mais as necessidades da população?

O TransMilenio foi pensado para transportar mais ou menos 30 mil passageiros hora/sentido. Mas hoje em dia está transportando 48 mil pessoas hora/sentido. Ou seja, tem o nível de um metrô. É um sistema que chegou ao limite. Isso ajudou a reforçar a crise que tomou conta da cidade e provocou a destituição do prefeito.
 

Como estava a cidade antes da adoção do TransMilenio?

Era um desgoverno dos ônibus, com grandes problemas de segurança no trânsito. Os ônibus se perseguiam nas ruas, atropelavam as pessoas, era uma coisa impressionante. E os transportadores eram muito poderosos, tanto que nenhum prefeito se atrevia a mexer com eles. Foi uma situação muito difícil colocá-los em ordem. Os grandes transportadores acabaram se tornando sócios do TransMilenio. Foi a maneira de fazer isso.

E os usuários de carros, como receberam as mudanças?

Bem, ainda há muito apreço pelos carros. No início, o TransMilenio se provou uma solução eficiente, que poderia competir com os veículos particulares, mas durante oito anos não se construiu nada mais. Peñalosa fez a primeira fase, o prefeito seguinte fez a segunda. Depois vieram duas administrações que não construíram nada. Isso diminuiu a competitividade do sistema. A única razão para usar o TransMilenio hoje é o tempo, porque com ele se chega mais rápido a qualquer lugar. Ainda assim, as pessoas preferem evitar a superlotação. E temos tido também muitos casos de agressões sexuais. Então implementaram uma área exclusiva para mulheres em algumas linhas.

Que medidas foram implementadas para resolver o problema das agressões sexuais?


Houve uma prova-piloto em algumas rotas com áreas só para mulheres em horas de menos movimento. Mas o problema se apresenta nas horas de pico, quando está cheio. Então esse piloto dificilmente chegará a resultados.

Qual a gravidade do problema?

Existe um estudo feito em 2011 que mostra que 88% das mulheres dizem ter sido agredidas, insultadas ou recebido um tratamento obsceno no transporte público de Bogotá. E a pergunta era se elas tinham passado por isso no mês anterior ao levantamento. Então o índice é muito alto. Dessas 88% que disseram que sim, 58% disseram que isso havia acontecido no TransMilenio. Uma medida é o espaço só para mulheres, mas também é preciso criar canais de denúncia objetivos, pois muitas mulheres nem sequer sabem que isso é uma agressão.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Publicada em:: 23/03/2014

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