- Levantamento realizado pela Rede de Informações Eleitorais (http://aceproject.org)
– integrada por Estados Unidos, Canadá e México e pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) – revela que o Brasil
alinha-se, ao lado de África do Sul, Argentina e Suécia (veja o quadro), entre outros, no grupo de 9,68% dos países do mundo que não adotam nenhum tipo de candidatura avulsa em seus pleitos.
Quatro
em cada 10 nações permitem que pessoas sem filiação partidária disputem
pelo menos cadeiras legislativas em nível local ou nacional, casos da
Alemanha, Japão, Itália e Reino Unido. Em 37,79% dos países, as
candidaturas avulsas valem até mesmo para presidente da República, como
nos EUA, França, Chile, Irã e a superpopulosa democracia da Índia.
–
Poucos países necessitam tanto da participação política, por um lado,
e, por outro, a cercam de tantas restrições legais e burocráticas como o
Brasil. A Itália, como é sabido, admite a candidatura avulsa mediante a
chamada “lista cívica”. Nos EUA, casos há em que “candidatos
independentes” chegam a pleitear a Presidência. Essa flexibilidade ajuda
a que os sistemas políticos contemplem uma maior abertura à
participação da sociedade – argumenta o senador Paulo Paim.
Para
o autor da PEC, no sistema atual, se movimentos sociais fortes e
numerosos como o feminista, o negro, o dos trabalhadores sem-terra, o
dos aposentados, o dos indígenas ou o dos homossexuais quiserem lançar
um candidato, só poderão fazê-lo se a liderança se filiar a um partido
político e, como consequência, se submeter “à regra do jogo, sua
correlação de forças interna, suas dificuldades e suas limitações”.
O
consultor legislativo do Senado, Caetano Araújo, lembra, porém, que as
propostas de reforma política hoje em discussão no Congresso Nacional
têm como característica comum o fortalecimento das siglas partidárias
por meio de instrumentos como a fidelidade partidária, o financiamento
público e as listas fechadas de candidatos.
–
Passaríamos a uma situação oposta à que prevalece hoje: o poder
deixaria os mandatários e concentrar-se-ia na estrutura partidária.
Nesse caso, teríamos direções partidárias, máquinas, burocracias
extremamente poderosas, com controle sobre os recursos financeiros
destinados à campanha e com a capacidade de definir a ordem dos eleitos –
teme o sociólogo.
Sylvio Guedes / Jornal do Senado
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